Vinho e Rins
As relações entre o consumo de vinho e as doenças renais têm recebido pouca atenção dos cientistas. Apesar disso, sabe-‐se que o álcool é capaz de influenciar diversas doenças renais, agudas ou crônicas. Dependendo da dose, forma de consumo, apresentação e predisposição individual, ele pode prevenir, atenuar, retardar ou agravar certas enfermidades renais. A seguir, um resumo de o que a medicina já sabe sobre a relação do vinho com as Infecções e Cálculos do Trato Urinário.
As infecções do trato urinário (ITU) estão entre as infecções mais comuns em todo o mundo. De fato, cerca de 50% das mulheres terão pelo menos um episódio em suas vidas. Anualmente, cerca de 2,7% das mulheres procuram atendimento por ITU somente nos EUA.
Pouco se sabe sobre a relação entre consumo de álcool e ITU. Um estudo observou que o consumo de cerveja, vinho e destilados reduziu em 42% o risco relativo de ITU primária (sem episódios prévios) e em 65% o risco de ITU secundária (com história de episódio anterior). Um trabalho italiano realizado na região de Pantelleria mostrou que a incidência de ITU crônica foi 30% menor que a média nacional. Nessa região, o consumo médio de vinho é de 350 ml/dia.
Vinho e Cálculos Urinários
Os cálculos urinários (nefrolitíase ou urolitíase) são bastante frequentes em adultos, acometendo até 12% dos homens e 5% das mulheres de até os 70 anos.
Embora seja a 3ª doença mais comum das vias urinárias, sua etiologia permanece desconhecida. Entre os fatores de risco conhecidos, um dos principais é a reduzida ingestão de líquidos. Parece que o tipo de líquido ingerido também influencia na formação dos cálculos. Estudos mostram que o suco de toranja (grapefruit) pode aumentar o risco de urolitíase, enquanto o chá e o café reduzem esse risco. Em artigo envolvendo 45.289 homens, acompanhados por 6 anos, Curhan mostrou que o consumo diário de café reduziu o risco de cálculos em 10%; para o chá, a redução foi de 14%. A cerveja reduziu em 21% e o vinho, em 39%. Em trabalho semelhante, com 81.093 mulheres acompanhadas por 8 anos, as reduções no risco de cálculo foram de: 10% para o café, 9% para o café descafeinado e 8% para o chá.
Apesar de a cerveja reduzir o risco em 12%, não houve diferença significativa. Por outro lado, o vinho reduziu esse risco em 59%. Contrariamente, o suco de toranja aumentou o risco em 44%. Em ambos os artigos citados, a explicação parece estar no aumento da diurese e na redução da concentração da urina causado pelo álcool.
Texto de Gustavo Andrade de Paulo – colaborador do site Vinho e Sexualidade.